
Combinar o julgamento humano, inovação e resiliência
05/12/2025 às 19h01
DP World instala 1.000 Living Seawalls no porto
10/12/2025 às 14h17A logística global está em um ponto de virada. Após anos de instabilidade – marcada por tensões geopolíticas, rupturas nas cadeias de suprimentos, aumento das exigências regulatórias e uma escassez estrutural de mão de obra – fica claro: a resiliência não é mais um produto do acaso, mas um processo planejado. O relatório de tendências “Designing for Disruption 2026” da Alpega oferece uma visão raramente clara sobre como as empresas precisam reestruturar suas operações para sobreviver em uma era de incerteza permanente.
(Dortmund) O foco em eficiência, que dominou por décadas, está rapidamente perdendo importância. Em vez disso, velocidade, flexibilidade e minimização de riscos estão se tornando prioritários. Cada vez mais, os fabricantes estão trazendo as estruturas de produção e abastecimento de volta para perto de seus mercados de consumo – um passo que não apenas encurta as rotas de transporte, mas também torna as cadeias de suprimentos mais resilientes a choques políticos e econômicos. Paralelamente, a importância dos sistemas de transparência digital cresce, aprimorando a visão sobre riscos, capacidades e dados em tempo real.
A crescente densidade regulatória – desde o regulamento de desmatamento da UE até o CBAM e diretrizes aduaneiras mais rigorosas – força as empresas a não tratar a conformidade apenas como um tema de backoffice. Aqueles que não dominam seus dados de origem, classificações ou comprovações de fornecedores já correm o risco de prejuízos de dezenas de milhões. O relatório mostra: os próximos anos recompensarão aquelas empresas que ancorarem a conformidade de forma estratégica e não apenas a gerenciarem.
Poucos temas impactam a logística tão fortemente quanto a escassez de pessoal. Os transportadores a identificam como o maior risco para 2026. As empresas estão reagindo com uma mudança de paradigma: estão projetando redes de armazenamento e transporte com base no potencial de mão de obra disponível – e ao mesmo tempo apostando em soluções de automação escaláveis, que oferecem suporte a curto prazo e criam independência a longo prazo.
A IA se torna co-piloto – não substituto
A inteligência artificial está alcançando a realidade operacional da logística. A IA otimiza a utilização de carga, prevê interrupções e apoia decisões táticas. Ela se mostra especialmente eficiente no planejamento de carga: aumentos de 20 a 30 por cento na utilização de caminhões já são uma realidade em projetos iniciais. Ao mesmo tempo, especialistas enfatizam que a IA complementa o julgamento humano, não o substitui. Novos perfis de função estão surgindo, caracterizados por competência em dados, compreensão de processos e planejamento de cenários.
Com o ETS2, o aumento dos custos de CO₂ e diretrizes de sustentabilidade mais rigorosas, a pressão para reduzir emissões de forma sistemática está aumentando. Empresas líderes já estão integrando critérios de CO₂ em suas licitações, tornando as mudanças de modo verificáveis e utilizando biocombustíveis ou eletrificação como vantagem competitiva. A sustentabilidade está se tornando, assim, um fator econômico – e não apenas moral.
Gap de prontidão: saber antes, mas não reagir mais rápido
O relatório revela uma realidade ambivalente: as empresas têm acesso a dados e sistemas de alerta cada vez melhores – mas muitas não possuem processos claramente definidos para reagir rapidamente em situações críticas. A falta de manuais de emergência, mecanismos de failover fracos ou responsabilidades pouco claras fazem com que o tempo de recuperação em caso de crise seja maior do que deveria ser.
A resiliência surge do design, não da esperança
A mensagem do relatório de tendências é clara: 2026 será um ano em que se decidirá quem está preparado para a próxima disrupção – e quem pagará caro por isso. Empresas que modernizarem suas redes, pensarem estrategicamente sobre conformidade, utilizarem IA de forma direcionada e integrarem critérios ecológicos nas suas aquisições sairão fortalecidas da transformação. O tempo de reagir acabou. Agora é hora de projetar.
Foto: © Alpega






